Avançar para o conteúdo principal

Cabo Verde-Correio de Nossa Senhora do Monte


Fig-1-Postal de uma vista da Nossa Senhora do Monte, edição exclusiva de Pedro Gomes.


Nossa Senhora do Monte (ilha Brava) : Povoação do Concelho da Brava, Freguesia de Nª Sª do Monte, criada em 1826 (1). Não consta nenhuma informação sobre a estação postal.

    Segundo Félix G. (2) a estação postal da nossa Senhora do Monte foi aberta em novembro de 1914. Esta data está errada porque em 1904, já existia a estação com o nome MONTE.
Não são conhecidos sobrescritos enviados desta estação, apenas são conhecidos quatro selos soltos com a marca desta estação. Destes quatro conheço 3, o selo solto (15-02-1914) da Fig.2 foi vendido no 26.º leilão do CFP (lote:1892) e que atingiu um valor considerável e outros dois, também sobre  selos de 20 e 25 reis de D. Manuel com as datas de MAI. 1914 e ABR. 1914, respetivamente, mostrados no fórum dos selos postais.
Esta marca exibe um esqueleto idêntico ao de outras marcas das várias ilhas, como novidade temos a legenda superior distribuída por duas linhas, na parte inferior poderá exibir o nome da ilha e CABO VERDE.
 
Fig.2-Selo vendido num Leilão do CFP


Fig.2A-Desenho do carimbo de N.ª S.ª do Monte

No dicionário corográfico de Francisco Adolfo de Varnhagen (3), o autor refere que em 1842 existiam cerca de 4000 habitantes na ilha brava, quase todos brancos, alguns europeus, muitos filhos da Madeira, e pela maior parte marinheiros ou descendentes deles que se estabeleceram na ilha. Estes habitantes estavam distribuídos apenas por duas freguesias: S. João e Nossa Senhora do Monte. 
A ilha brava tinha na altura quatro ancoradouros, sendo o principal o e o mais frequentado o porto da Furna. Desses ancoradouros partiam navios carregados com milho, feijão e porcos que alimentavam todo o arquipélago. 
Em (2) pode ser consultada uma tabela com o movimento de objetos postais entre 1913 e 1944, dados sobre as estações postais de S.João Baptista/ Nova Sintra e Furna. Na mesma tabela temos o número de habitantes destas duas localidades, aproximadamente 3000. O autor ainda disponibiliza a informação de que em 1952 o número de habitantes já era de 7.936.
A título de exemplo, na estação de S. João Baptista, em 1913, foram expedidos 35.909 objetos e recebidos 65.274 e 1.204 objetos em trânsito. 
Com tanta população de fora e a expansão do comércio, seria normal que existisse correspondência do correio da nossa Senhora do Monte para a Madeira,  para a Metrópole,  Europa e para o resto do mundo!
Então por que será tão difícil encontrar marcas desta estação postal?
A data de abertura da estação está errada como pode ser verificado nas datas dos selos soltos, só com o exemplar da fig.2 antecipa-se a data nove meses.
Apresenta-se a seguir uma nova marca que comprova que em 1898 já se encontrava aberta.

Marca elítica de N.ª S.ª do Monte
 
Na fig.4 apresento a imagem de um selo, que comprei recentemente, trata-se de uma marca elítica mais antiga (Set.98), o modelo do carimbo é semelhante a outros já conhecidos, por exemplo, o de S. Vicente. A distribuição da legenda é uma novidade neste tipo de carimbo, pois normalmente têm na parte superior «CORREIO DE» e na parte inferior a denominação, para além destas diferenças tem, ainda, dois arabescos a ladear o nome da  localidade.

Fig.3-Modelo elítico de S. Vicente

Face ao exposto podemos concluir que a estação postal de N.ª S.ª do Monte já estava em funcionamento em 1898! Existe um segundo selo com a mesma marca vendido no ebay 2016.
Trata-se de uma grande novidade para a marcofilia de Cabo verde e em particular para a marcofilia da ilha Brava, porque as marcas catalogadas eram apenas 8, agora passaram a ser 10 marcas de três estações, S. João Baptista, Furna e Nossa Senhora do Monte.

Fig.4-Correio de N. S. do Monte\ BRAVA


No entanto, em 1935, a estação esteve encerrada, como se pode ver na figura seguinte, o que se manteve até 1950, pelo menos.


A estação postal de  N.ª S.ª do Monte esteve em funcionamento durante muito tempo, constando nas listas das estações dos C.T.T. até 1971

Resta-nos esperar por novos exemplares que confirmem estas duas marcas e o aparecimento de novos carimbos.

_______________________
Bibliografia:
(1) Lereno, Álvaro(1952). Dicionário corográfico do Arquipélago de Cabo Verde, Lisboa.Agência Geral do Ultramar. 
(2) Guillamón, Félix (2009).Marcas Postales de Cabo Verde-1877-1940, Málaga.
(3) Tomo I: Varnhagen, Francisco Adolfo, COROGRAFIA CABO-VERDIANA, Lisboa, 1841.

Comentários

MaisPopulares

Selos Postais 2015-Colónias Portuguesas, 7ª Edição, Mundifil.

Angola-erros nos selos mapa de 1955

O erro mais conhecido é o mapa azul-escuro e que está bem cotado ao nível dos leilões e catálogos da especialidade. Mostro a seguir alguns erros, menos conhecidos, desta série: 1) Ausência da impressão da cor vermelha. 2) Impressão da cor do mar deslocada Cor deslocada 3) Impressão de uma cor deslocada 4) Impressão anómala 5) Mapa amarelo-claro ?? 6) Prova de cor

Angola- Erros

 

Angola- correio aéreo via Marselha

  Fig.1 e 2-Sobrescrito enviado de Luanda (22-3-1939) para a Holanda (31-3-1939), pagou de portes 33,75 Ags, 1,75 Ags do correio ordinário para cartas até 20 gramas e 32 Ags para os primeiros 8 portes da sobretaxa do correio aéreo para cartas enviadas via Marselha, sendo 4 Ags por cada 5g. Carta com 37g, em falta o segundo porte do correio ordinário.

Ceres Coloniais-Variedades de Cliché

No velhinho catálogo de Simões Ferreira já estavam catalogadas algumas variedades de cliché: "Em cada folha de 200 selos há uma fenda no quadro superior do 10º exemplar, por cima da letra « A » da palavra « REPUBLICA ». No 26º exemplar dalgumas folhas de 180 selos dos valores de 1, 2, 5, 8 e 10 cent., há uma fenda no quadro por cima da letra « I » da palavra « REPUBLICA ». VC Nº: XXV Nalgumas folhas de 180 selos de 1/2, 1 1/2, 8 e 20 c., no 167º exemplar nota-se um pequeno defeito de impressão à direita dos « RR »» da palavra « CORREIO », que se assemelha a um « C ». Conhecem-se os selos de 10 c . com o escudete do valor plenamente tintado em vez de branco."(1) No passado dia 23 de Maio foi lançado pelo NFACP o livro "Os selos Ceres das Colónias Portuguesas" do Eng. J. Miranda da Mota. Algumas VC catalogadas VC N.º: CCLII (252) VC N.º: XLVIII VC com linhas horizontais/ oblíquas  catalogadas VC N.º: LXX

Catálogo de Selos Postais das Colónias Portuguesas

ANGOLA-Marcofilia de Maquela do Zombo

Maquela do Zombo : Vila, sede de Intendência de Fronteira; sede do concelho do Zombo, com os postos de Sede Quibocolo, Cuílo Futa, Béu e Sacandica; distrito do Congo. C.T.T. : Estação T. Postal de 1ª e rádio de 2ª, com todos os serviços. Há uma carreira semanal para a Estação do Caminho de Ferro do Lucala, a 463 Kms, ligando no Negage à carreira diária Carmona-Negage. Há carreiras aéreas regulares. (2) Foi primitivamente Posto Militar com o nome de Bongue, criado em 13.1.1896 e em 1911 passou a sede da Circunscrição do Zombo. Em 1915 foi criada a Circunscrição civil de Maquela do Zombo. Em 1917 foi sede do Distrito do Congo, aquando do desmembramento deste Distrito e a criação do Enclave de Cabinda. Mais tarde passou a sede do Concelho do Zombo   No governo de Manuel Maria Coelho (de 18/1/1911 a 26/2/1912) “ Maio/Junho - Os Zombo entram em conflito com os soldados da guarnição. Faria Leal e, depois o governador de distrito, José da Silva Cardoso, con

Aeromaritime - Luanda-Ponta Negra

  Sobrescrito circulado em 19-7-1939 para Hamburgo, seguiu para Ponta Negra no 3.º voo da Aeromaritime no dia 21-7-39. Pagou 5,75 Ags para pagar 1,75 Ags correspondente ao 1.º porte do correio ordinário para cartas remetidas para o estrangeiro com peso até 20 g, e 4 Ags para o pagamento do 1.º porte da sobretaxa do correio aéreo para cartas remetidas via Ponta Negra/Marselha com peso até 5 g.

Angola -O mapa azul-escuro de 4$00, CE. 384 de 1955

Fig.1-Selo n.º384, mapa azul-claro Desde 1955 (1) que já era conhecido este erro e a informação da existência de pelo menos 9 folhas completas (10 x10) com este erro. No catálogo do Simões Ferreira de 1977, já estava catalogada esta variedade, mas sem qualquer cotação.  Em 1994 o catálogo especializado da Afinsa tinha esta variedade catalogada, mas sem cotação. Já em 2002, surge a cotação, pela primeira vez, de 19,95 €. Decorridos mais seis anos e a cotação foi atualizada, aproximadamente, para o dobro, continua a ser um erro mal cotado tendo em conta o número reduzido de exemplares conhecidos. No catálogo de 2011 dos Selos Postais de Angola já aparece a cotação de 200 €, tanto em usado como em novo. Fig.2-Mapa azul-escuro usado Na figura 2 temos um dos poucos exemplares conhecidos do mapa azul-escuro usado, penso que este erro/variedade é mais raro em usado do que em novo. No catálogo (Mundifil) de 2015 a cotação foi atualizada para 210 €. No catálogo de 2019 a cota

Angola- Conchas de Angola 1974

 1974 – Conchas de Angola. MF566 , 1$00, policromo, papel esmalte, denteado 12x12 ½. , com boa cor e com VALOR E LEGENDA “CORREIOS” OMISSOS. Erro não catalogado.